silêncio.

Existe gente neutra. Mas não existe gente isenta. Gente quieta ainda é gente. Gente que escolhe estar quieto. Silêncio é uma escolha, mas não é uma escolha isenta de responsabilidade. Tampouco de menos responsabilidade que outra escolha a ser tomada. Quem se cala é conivente, e parece ridículo ter que escrever isso quando tanto já discutimos sobre a importância de posicionar-se.

Ninguém é obrigado a se posicionar em tudo. Às vezes não temos o conhecimento necessário para nos posicionar corretamente. Mas a partir do momento em que somos privilegiados e escolhemos não buscar informação, escolhemos ficar em silêncio. Escolhemos.

E temos que falar. Porque tem gente que não pode abrir a boca. Gente que sabe, mas que não pode falar. Não deixam. Ficar em silêncio é consentir. E quem consente não vê a consequência. Tá longe de compreender a realidade de quem sofre pela falta de barulho. Por isso acham que silêncio não muda nada. A pior ignorância é a silenciosa.

Silêncio é um ato político. Não existe isenção na vida pra nada, e não seria diferente para a política. Política governamental, política do bairro, política do continente, política no supermercado. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Nós cativamos o mundo. Nós somos responsáveis por ele. Silêncio não é não ter opinião.

Silencio é uma opinião. O silêncio diz muito.

Maria Clara Lima Abrão

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