Durante essa semana que passou, tive que realizar a complexa tarefa de escrever uma redação em específicos quatro parágrafos sobre um tema que poderia escolher dentro de um leque de opções. Não posso negar, estava cansada, e queria apenas um tema de fácil assimilação e desenvolvimento, com baixa complexidade, mas não encontrei. Até que, entre as opções, me deparo com o título “Choque de Civilizações”. Esse foi o escolhido, no momento em que eu o vi.
Basicamente eu deveria responder a pergunta: “um mundo em que a maioria das culturas e dos povos conviva harmonicamente é possível?”. Honestamente, mesmo agora que já enviei minha redação aos corretores, não sei exatamente. É um conceito aparentemente distante. Um mundo harmônico? Esta é uma das realidades que o ser humano almeja, mas que, ao mesmo tempo, não faz muito para conseguir alcançar.
O Ser humano muitas vezes age assim. O famoso discurso pronto de Miss, “desejo a paz mundial”, é motivo de muitas piadas por ser um discurso pronto e vazio, mas é disso que a sociedade está repleta. Recheada de meros lexicais sem muitos sentidos e explicações.
Acredito que todos, ou ao menos a grande maioria, desejam uma vida boa às pessoas que vivem nesse mundo. Desejam uma vida mais justa, por mais que o conceito de justiça seja algo que se perdeu na contemporaneidade. Mas, a questão é: se a maioria o quer, o que fazem para alcançar essa realidade?
De fato, é impossível que todos os seres vivam em total harmonia, mas o ponto é: quanto de harmonia é possível atingir neste mundo? Aparentemente isso não é algo questionado. A postura da humanidade, de forma geral, é dispensar esta possibilidade, e apenas aceitar que estaremos sempre brigando entre nós mesmos. Talvez esse seja o real motivo de nunca conseguirmos cessar o fogo interminável: nós não acreditamos que seja possível, e, no fundo, não queremos. Se realmente quiséssemos, estaríamos tentando.
Por isso falo que somos todos um grande discurso de Miss. Se realmente desejássemos a paz mundial, independentemente da sua grandeza, não estaríamos falando isso de braços cruzados, com um tom triste e um arfar que diz “Poxa, que pena né…”. Está em nossas mãos.
Muitos poderiam dizer que estou sendo abstrata. O que significaria isto então? “A paz do mundo está em minhas mãos?”. Parece algo muito exagerado, mas acredito que talvez seja esse exagero que faça com que nós finalmente partamos para a ação. Precisamos deixar de ser passivos. O conflito que ocorre entre Israel e a Palestina também é responsabilidade minha e sua. As guerras no Oriente Médio, as omissões da Coreia do Norte e até mesmo a xícara que acabou de cair da mão de uma senhora que vive no Omã.
Está na hora de nós encararmos a responsabilidade que temos acerca do planeta. Parece ironia ter que escrever que os próprios moradores devem cuidar de sua própria casa.